O conto de fadas da AMD

 Era uma vez uma empresa que ficou conhecida como opção barata para atender o mercado menos exigente de microcomputadores. Os primeiros produtos da AMD chegaram com nomes formados por apenas uma letra e um número, os K5 e K6. Com suas variantes de processadores, conquistaram seu lugar e começaram a fama da marca.

O Athlon veio com desempenho superior à concorrência, mas, como esquentava muito, precisava de soluções de resfriamento mais caras e nem sempre atendidas. A concorrência era uma gigante e logo ofuscou o brilho da performance, lançando uma nova linha outra vez superior.

A busca pelo sucesso seguiu com lançamentos de nomes semelhantes, Duron, Sempron, Turion e atendendo a outras soluções de computação, como servidores e notebooks. A criatividade se esgotou e voltaram as letrinhas, com a série FX, que chamou a atenção por permitir o uso do processador gráfico integrado em conjunto com uma placa de vídeo dedicada para melhorar a desempenho.

O mercado gamer é muito rentável e, numa negociação bilionária, compraram a ATI, que era a maior concorrente da Nvidia, dona do mercado de placas de vídeo. Além disso, passou a equipar os consoles de maior potência no mercado, o Xbox One e o PlayStation 4.

Mas o conto de fadas estava desmoronando e a falência se aproximava… até que veio a salvação pela cabeça oriental da nova presidente (CEO). Em poucos anos, o AMD Ryzen tomou o mercado com suas características de performance em multi-tarefa e buscou o nicho dos gamers e tarefas monoprocessadas, atingindo na sua quarta geração o posto mais alto da performance.

A linha Ryzen 5000X ficou disponível para compra no mercado mundial no dia 05/11 e, no país de origem, seu preço de US$ 299 deve massificar a conquista de adeptos, já que em testes se mostrou superior ao I7 10900K, que custa 549 dólares.

Infelizmente, no Brasil os valores não são tão atrativos: o processador I7 custa mais de R$ 4.000,00 e o Ryzen 5 3600X (modelo anterior) custa aproximadamente R$ 1.600,00, o que dava esperanças aos fãs de um preço próximo, mas o valor ficou na casa dos R$ 2.400,00.

A expectativa é que esses valores caiam após algum tempo, mas, enquanto isso, outra conquista chegará em breve ao mercado. A aquisição da Radeon foi melhor sucedida e os produtos sempre tiveram seu lugar no mercado gamer e, depois, na mineração de coins. Tanto que a Nvidia buscou implementar, no hardware, uma outra tecnologia de processamento 3D, o Ray Tracing, para buscar um diferencial no mercado e complementar a antiga e consagrada rasterização.

Com relativo sucesso e desempenho sofrível na linha inicial, denominada RTX 2000, usaram até IA – Inteligência Artificial para melhorar a performance com o DLSS – Deep Learning Super Sampling (renderiza numa resolução menor e usa a IA para fazer um upscale mais detalhado), mas apenas na segunda geração, lançada há algumas semanas, consolidou a tecnologia com a RTX 3000.

As Radeon RX 6000 XT prometem superar essa outra gigante, que, apesar dos valores altos, são impossíveis de encontrar à venda no mercado, devido à baixa produção e à alta demanda. O lançamento se aproxima, mas há algumas ressalvas, devido principalmente à falta de  uma tecnologia equivalente à DLSS. Mas, aparentemente, ambas serão capazes de processar imagens com Ray Tracing a 60 quadros por segundo em 4K.

A Nvidia alega ter dobrado o poder de processamento das suas placas de vídeo, se comparada à geração anterior, mas a AMD mostra números superiores, com média de 5% nos testes realizados com os jogos de sucesso. Os contratempos atuais devem dificultar os upgrades dos mais abastados gamers, já que a AMD também prevê falta de disponibilidade das placas de vídeo para atender a demanda represada.

Enquanto isso, a massa espera pelo lançamento dos modelos mais baratos, que já liberou a RTX 3070, mas também não é possível adquirir por falta de estoque e chegou na terra tupiniquim acima dos R$ 5.000,00. O mercado nacional se baseia na lei da oferta e procura, então o valor, que já era alto, se aproxima dos R$ 7.000,00 para o modelo RTX 3080.

Aguardemos as cenas dos próximos capítulos, onde podemos ter novas respostas das gigantes Intel e Nvidia, ou a AMD finalmente será coroada e conseguirá dividir melhor o mercado, que hoje é dominado pela concorrência.

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