Comparando os modelos mais baratos da nova geração de videogames
Apesar de parecer uma comparação injusta, já que o Play Station 5 tem modelos idênticos com a única diferença da exclusão do leitor de discos óticos no modelo mais barato, enquanto o Xbox Series S é um modelo com uma pequena redução no processador, mas bem inferior em capacidade de vídeo, armazenamento e memória, vamos passar pelos prós e contras de cada modelo.
A estratégia da Microsoft é vender serviços, qual a melhor
forma de fazer isso, senão disponibilizar um equipamento mais barato com um serviço que disponibiliza uma grande biblioteca de jogos para baixar, com a intenção de nem precisar vender o aparelho, pois o sonho parece ser a Xcloud, o streaming de jogos da nuvem.
Os pontos positivos dos dois aparelhos são muitos, apesar de
terem uma arquitetura similar a de um PC, as diferenças de implementação e
otimização permitem desempenhos bem superiores a um computador gamer com configuração
semelhante.
A APU da AMD é baseada na arquitetura Zen 2 e RDNA 2, ou
seja, um processador Ryzen de terceira geração e uma placa de vídeo Radeon de sexta
geração.
O Ryzen 7 3800XT é o que mais se aproxima e sozinho já custa
mais de R$ 3.000,00, o Series S e o PS5 talvez um Ryzen 7 3700X.
Quanto à placa de vídeo, ainda não existe similar, pois a AMD lançou
apenas os modelos top de linha, assim talvez uma mais próxima seja a Radeon 6800 que custa mais de R$ 5.000,00 e
não existe para comprar no mercado.
A AMD tem uma linha de APU para computadores, os Ryzen 4000,
mas a controladora de vídeo integrada é bem inferior a dos videogames.
Outro ponto de grande ganho foi a adoção do SSD para
armazenamento, em substituição aos defasados HD de notebook.
Mas, mais do que a mídia, a Microsoft desenvolveu uma nova
API, que permite utilizar muito melhor as características do SSD.
Apenas para exemplificar, no Xbox Series S demorou 14s para
iniciar o Gears 5 a partir do menu do jogo, enquanto o PC demorou quase 24s,
com um SSD NVME de terceira geração da Intel.
A Sony também fez sua lição de casa e os resultados estão no
mesmo nível ou até melhores.
Um recurso de otimização de usabilidade que a
Microsoft introduziu é simplesmente imbatível, o Quick Resume.
Isso permite voltar a um jogo, exatamente na mesma situação
em que estava, sem precisar esperar o tempo de carga e nem mesmo recuperar o
save mais recente, em questão de segundos.
O HDMI 2.1 que permite a exibição em 4K e 120 Hz está
presente nos dois consoles, apesar de ser difícil um jogo rodar nessa taxa em
qualquer console.
Outro recurso que foi muito divulgado e que na minha opinião
deveria causar estranheza se não existisse é a retro compatibilidade.
Nesse, o PS5 Edição Digital ganhou disparado!
As duas empresas têm versões
otimizadas da geração anterior, o Xbox ONE que melhorou um pouco com o ONE S e
teve um salto com o ONE X, já o PS4 tem o mesmo hardware da versão Slim, mas
também deu um salto com o PS4 Pro.
Como o hardware do PS5 é igual, foi fácil focar a retro compatibilidade
nos jogos otimizados pra sua melhor versão anterior, o PS4 Pro, trazendo ganhos
automáticos graças ao HDR e outras melhorias, como aumentar a taxa de quadros
nos jogos em que não estão travadas.
Já a Microsoft lançou o SS com menos memória RAM que o ONE
X, o que inviabiliza o porte das versões de jogos otimizados perdendo bastante
em qualidade gráfica.
Outra facilidade para quem está fazendo um upgrade de console na mesma linha é a possibilidade de usar um HD externo para armazenar os jogos.
O PS5 permite a execução apenas de jogos do PS4 nessa mídia, já o Xbox Series avisa sobre a recomendação, mas permite a instalação.
O PS5 dá a impressão de um produto inacabado em alguns quesitos técnicos.
A marca sempre disponibilizou uma forma fácil de instalação ou substituição do
disco de armazenamento para o usuário, desde o primeiro PS2.
Manteve essa tradição com a adoção de um soquete M.2 de SSD padrão no PS5, porém, além de não dar suporte ainda no sistema, se instalar um SSD o sistema nem carrega, apenas mostra uma mensagem de erro e desliga.
Além disso, os SSD que atendem as especificações NVME de
quarta geração estão quase no mesmo preço da criticada solução proprietária da
Microsoft, que custa mais de R$ 2.000,00.
Inesperada foi a falta do suporte ao Dolby Vision no PS5, já
que a marca é uma das gigantes do entretenimento em vídeo e essa tecnologia disputa com o HDR para tornar as imagens mais realistas e belas.
Outra melhoria perceptível foi a qualidade da imagem em
ambos os consoles, por exemplo, eu achava que o aplicativo Netflix da TV
reproduzia vídeos melhor que o do ONE X, mas o SS igualou ou superou.
O PS5 manteve a compatibilidade com os dispositivos
anteriores, quem tem um volante gamer não vai se ver desamparado como na
troca do PS3 para o PS4.
Página do PS5 com link quebrado |
A câmera de vídeo do PS4 tem um conector proprietário, mas a
Sony prometeu um adaptador para permitir a sua conexão por USB, sem custos, mas o atalho na página do PS5 não está funcionando.
Pra reforçar a critica quanto a alguns atrasos, o PS VR precisa de uma câmera e a nova do PS5
não é compatível.
O PS5 reconheceu meu microfone USB, o que não
aconteceu com o Xbox.
Outra vantagem do PS5 é a adoção completa do HDMI CEC, ou
seja, além de permitir sincronizar o ligar/desligar do conjunto videogame/TV,
permite o uso do controle remoto da TV para controlar o videogame, o que é muito útil
pra quem assiste filmes no videogame.
O Xbox finalmente aderiu ao padrão, mas só na funcionalidade
básica de ligar/desligar.
O PS5 reconhece o Dual Shock 4, porém só permite usá-lo nos
jogos do PS4, já que o DualSense traz recursos aprimorados e novos.
Aliás o DualSense é algo totalmente novo, ao contrário do
controle do Xbox que só teve uma mudança de textura e a adição do botão
compartilhar.
Além de trazer um microfone embutido, as novas experiências táteis e gatilhos programáveis trouxeram elogios de todos que o testaram.
Uma percepção estranha é a diferença de bitola dos
cabos do PS5 e Xbox, sendo os da Microsoft bem mais parrudos.
Para aqueles que imaginavam conectar um leitor de disco
ótico externo, infelizmente não há suporte em nenhum dos aparelhos.
O PS5 até reconhece o disco, mas não reproduz, nem filmes,
nem jogos.
O Xbox ignora a conexão completamente.
Apesar das críticas quanto a falta de lançamentos de jogos,
a Microsoft já disponibiliza mais de 15 jogos otimizados para a nova plataforma
no Game Pass, além dos títulos retro compatíveis e a biblioteca da EA Pass.
A Sony disponibilizou a PSN Plus Collection, com 20 títulos
de sucesso do PS4 e já tem quase 100 títulos novos ou aprimorados para
aquisição na loja da marca.
Além disso, tem um título grátis na PSN Plus de Novembro.
O preço de uma TV 4K 120 Hz com HDMI 2.1 é bem salgado e a indústria dificulta a correta identificação desse recurso, pois há tempos informa que as TV tem 120Hz, 240Hz e quando você conecta algum dispositivo, percebe que na verdade a conexão máxima é de 60 Hz em qualquer resolução.
Os modelos lançados para uso em 4K podem ser usados em TV com HDMI 2.0, mas na maioria dessas, a taxa de atualização de frequência será fixa em 60 Hz para todas as resoluções.
O Series S engana quem imagina que é um aparelho incapaz de atingir um bom desempenho, em FULL HD mantém a taxa de 120 qps sem pestanejar e provavelmente, o mesmo ocorre em QuadHD, mas não tenho como testar.
Uma solução mais barata seria usar a conexão HDMI 1.4 num monitor gamer com FreeSync, FULL HD (o que faz mais sentido pro Xbox mais barato) ou QuadHD (que no Brasil tem preços absurdos).
Infelizmente, hoje o Xbox Series S é a única versão disponível para quem quer entrar na nova geração, todos os outros modelos estão esgotados nos preços recomendados e quando aparecem nas lojas virtuais, a previsão de entrega já é pro ano que vem.
No custo/benefício, o Xbox Series S é imbatível, os jogos otimizados estão excelentes e para aqueles que não tem um Xbox ONE X (que vai sentir um downgrade na qualidade gráfica), a biblioteca de retro compatíveis do Game Pass Ultimate é grande e agrada a todos os gostos, para os demais, é preciso lembrar que será necessário investir ou já possuir uma TV compatível para usufruir das melhorias disponíveis com a maior capacidade gráfica.
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